No dia 21 de abril, participei, em São João del-Rei, da
missa em memória dos 40 anos do falecimento do presidente Tancredo Neves, além
da reinauguração do memorial em sua homenagem. Durante as solenidades, lembrei
das eleições para o Governo de Minas, em 1982, quando os candidatos eram
Tancredo Neves, pelo PMDB, e o oliveirense Eliseu Resende, pelo PDS. Tancredo
venceu por uma margem inferior a 5% dos votos.
É importante lembrar que Tancredo fazia oposição ao
regime militar, que não permitia eleições diretas para a presidência. Mais
tarde, ele seria eleito presidente por voto indireto, mas infelizmente faleceu
em 21 de abril de 1985, antes de tomar posse.
Destaco também a atuação de Eliseu Resende após a
redemocratização. Mesmo tendo disputado contra Tancredo, ele ocupou cargos
importantes, sendo eleito democraticamente por duas vezes deputado federal e
senador por Minas. Notavelmente, contou com o apoio da família Neves, inclusive
fazendo "dobradinha" com Aécio Neves — Aécio como governador e Eliseu
como senador.
Registro aqui o exemplo de dois grandes homens
públicos que, mesmo em campos políticos opostos, contribuíram significativamente para
Minas Gerais e para o Brasil.
CEM DIAS DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL
O governo municipal completou 100 dias de
administração no mês passado. Uma enquete realizada no meu Instagram mostra que 48% da
população avalia esse período como ótimo ou bom. Para 36%, a gestão tem sido
regular, enquanto 16% a consideram ruim ou péssima.
Os números são positivos, mas indicam uma queda de aproximadamente 6% em
relação ao resultado das urnas em outubro de 2024, quando a gestão foi eleita
com 54% dos votos. Isso demonstra uma tendência inicial de perda de capital
político.
Como reverter esse cenário?
O caminho é apresentar e entregar resultados que
impactem diretamente a vida das pessoas. Por exemplo:
- Educação: oferecer cursos
profissionalizantes e concluir as obras de novas creches, colocando-as em
funcionamento.
- Assistência
social:
enfrentar com firmeza a situação dos moradores em situação de rua.
- Meio
ambiente:
melhorar a coleta de lixo e o sistema de reciclagem.
- Saúde: agilizar o atendimento,
especialmente para exames e consultas.
Essas são algumas demandas que, se atendidas, podem
contribuir positivamente para a próxima avaliação da gestão.
INVESTIMENTOS NA SAÚDE
Entraram em processo licitatório três obras
importantes, que vão melhorar o atendimento na saúde pública do município. A
primeira é a construção da Unidade Básica de Saúde no Distrito Industrial
Benedito Landim (região do Dom Bosco com o bairro São Geraldo), no valor
aproximado de R$ 2.184.686,14. Outra localidade que deverá receber uma nova UBS
é o bairro Residencial Saraiva, com investimento previsto de R$ 2.367.531,73.
Além disso, foi licitada a construção de uma
Oficina Ortopédica, ao lado da APAE, com valor estimado de R$ 1.263.404,24.
A soma total desses recursos ultrapassa cinco
milhões e oitocentos mil reais e foi viabilizada por meio do Governo Federal,
através do Novo PAC, com contrapartida da prefeitura, que disponibilizou os
terrenos e fará o acompanhamento da execução das obras. A expectativa é que as
obras sejam concluídas em meados de 2026.
LUCAS LASMAR E A REDE SUSTENTABILIDADE
Recentemente foi realizada uma eleição nacional
para definir o comando do partido Rede Sustentabilidade. O deputado estadual
Lucas Lasmar foi um dos eleitos. Duas alas disputavam o controle da legenda,
sendo vitoriosa a chapa liderada pela ex-senadora Heloísa Helena, que derrotou
o grupo da ministra Marina Silva.
O ex-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac, foi
eleito para um dos cargos de direção da legenda. Lasmar integra o grupo de
Lamac, que inclusive esteve em Oliveira no ano passado, durante o
pré-lançamento da candidatura de Nalton Moreira.
Com maior influência na direção nacional, Lasmar
deverá ter mais facilidade para garantir sua reeleição no próximo ano, além de
ampliar o acesso aos recursos do fundo partidário e influenciar na indicação
das comissões provisórias da Rede nos municípios mineiros, conquistando novos
apoiadores.
A Rede elegeu dois deputados estaduais em Minas
Gerais em 2020: Lucas Lasmar e Ana Paula Siqueira. Ana Paula não apoiou a
candidatura de Lamac e há rumores de que deixará a legenda, filiando-se ao PT
na próxima janela partidária.
Falando em Heloísa Helena, ela poderá assumir o cargo de deputada federal pelo Rio de Janeiro, caso se confirme a cassação do deputado Glauber Braga (PSOL). Ela é a primeira suplente da federação Rede–PSOL. A tendência é que a Rede se incline para a extrema-esquerda, podendo abrigar descontentes do PSOL e do PT.
RECURSOS PARA O SETOR CALÇADISTA E PARA A EXPO
OLIVEIRA
Duas leis de autoria do Executivo visam fomentar o
setor agropecuário e o setor calçadista. Foi aprovada a liberação de R$ 300 mil
para o Sindicato Rural de Oliveira, com o objetivo de apoiar a 35ª Exposição
Agropecuária e Industrial de Oliveira, que ocorrerá entre os dias 22 e 25 de
maio, e também o evento beneficente "Queima do Alho", marcado para o
dia 17 de maio.
Vale lembrar que a Expo Oliveira é um dos eventos
agropecuários mais tradicionais da região, promovendo conhecimento e exposição
de produtos do setor. Em anos anteriores, contou com a presença de diversas
autoridades, incluindo o Secretário Estadual de Agricultura. Já a Queima do
Alho, que chega à sua segunda edição, tem como objetivo principal ajudar
diversas instituições do município.
Em relação ao setor calçadista, foi aprovada uma
lei autorizando o repasse de ajuda de custo para o transporte de mercadorias,
no valor de R$ 11.340,00 mensais, durante 12 meses, totalizando mais de R$ 136
mil.
Esse apoio já é realizado há vários anos e tem como meta fortalecer as bancas de calçados do município. A novidade é que a nova legislação exige que os proprietários das bancas criem, no prazo de seis meses, uma cooperativa para representar o setor. Com a formalização dessa cooperativa, o setor poderá se desenvolver ainda mais e firmar novos convênios com o poder público e a iniciativa privada.
HADDAD, TRUMP E ZEMA
Guardadas as devidas proporções, o que têm em comum
Trump, Haddad e Zema? A resposta é: os três defendem a taxação de produtos
importados.
Haddad propôs a criação de tarifas para compras
internacionais de até 50 dólares, com o objetivo de fortalecer o varejo
brasileiro, que vinha perdendo vendas para sites como Shopee e Shein. Já Zema
suspendeu a isenção de ICMS para a importação de leite em pó e muçarela,
visando proteger o setor agropecuário mineiro.
Trump, por sua vez, implementou as maiores tarifas
sobre diversos produtos importados pelos EUA, gerando uma guerra comercial.
Medidas como essas, quando bem dosadas, são necessárias para buscar o
equilíbrio da economia, fortalecendo os setores internos. No entanto, o modelo
adotado por Trump foi excessivo, e há quem diga que, no final das contas, os
próprios EUA poderão sair prejudicados.